Acerca de
Olhando O Céu, Estou Em Todos Os Séculos
O que é isto da vida? Sobre o espetáculo OLHANDO O CÉU ESTOU EM TODOS OS SÉCULOS, de Abel Neves.
As personagens de Olhando o Céu… São de uma assumida contemporaneidade e nela procuram como em todos os séculos a FELICIDADE. De uma delas se ouve: “Podemos ser felizes mas não há esperança” e certificados ficamos nós, atores e espectadores, pois a esperança de uma reviravolta civilizacional a breve prazo é provavelmente nula. Talvez a procura seja a de um dia após o outro, titubeando como os bebés, ao dar os primeiros passos, à procura de ser feliz. Conjuntos de pessoas que competindo nos afetos, ou perderam tudo como o Joel, que vive na sua casa de cartão na rua, ou que emigrando pouco conseguem e voltam para as suas raízes, mas que desenraizados agora se perdem na violência, ou outros que fingem ser outros, como o ACTOR igual a todos nós e que perdurarão no ADN dos seus descendentes como o jovem do ano 2100, José Luso. Mulheres e homens AFLITOS e protagonistas de um grande texto teatral do nosso Portugal de 2012.
(…)“Aquela mesa e aquelas cadeiras eram a nossa vida mais chegada pelo menos para mim. Com tudo o que eu amava e odiava.” Tomás o motorista, in OLHANDO O CÉU ESTOU EM TODOS OS SÉCULOS
São José Lapa, a Encenadora, Março de 2012
Breve Argumento
Não andam perdidas as personagens de Olhando o céu estou em todos os séculos, mas quase. Estaremos perdidos nos diálogos do amor quando a tristeza obriga a que a construção de um parque de mamutes seja tema de conversa ou uma mulher confessa a outra que não percebe como é que o marido chega a ministro falando mal e porcamente? O que fazer contra a abulia no amor? Há relação entre a violação de Ariadne, em Naxos, o sacrifício do português José Luso (entregando o corpo à ciência, mergulhando-o em azoto líquido e para ressuscitar heroicamente cem anos depois) e a recordação de infância de um motorista que lembra a morte do bisavô que se enforcou numa oliveira deixando um último poema de amor? Há relação. Mas qual?
Que secretas coisas anunciam a harmonia? O que faz com que Otzi, o infeliz amoroso, decida vir para a rua com uma cartaz onde se pode ler: “Alguém que eu possa amar, por favor”? E que vantagens tem o nome “Silicon Valley” na vivenda da casa de Lucy e de ser a América um lugar de exílio onde os emigrantes mendigam sobrevivências? Que atenção dedicamos, afinal, à fragilidade humana e como viver com ela?
A memória solta os muitos acontecimentos da vida e pode bem ser, no teatro, um canteiro de girassóis. Em dimensões diferentes, treze personagens, algumas sem nunca trocarem uma palavra entre si, em treze panoramas teatrais, sugerem imprevisíveis histórias das suas vidas. Não será isto também uma boa parte da nossa vida? Precisamos todos, talvez, de uma indulgente compreensão, e dizemo-lo, mas... estaremos capazes de cumprir o que dizemos?
Abel Neves
Ficha Técnica
Elenco por ordem de entrada em cena: São José Lapa, Valerie Braddell, João Paiva, Francisco Martins, Jaqueline Amaro, Eva Pereira, Inês Lapa Lopes, Karolina Domingues, Mauro Silva, Guilherme Macedo, Alberto Lopes, José Rocha Santos, Isabel Martins, J. da Cruz
Na equipa: Fernando Júdice, Nuno Abelho, Margarida Oliveira
Título: "Olhando o Céu Estou em Todos os Séculos"
Encenação: São José Lapa
Texto original: Abel Neves